
PROJETOS EM ANDAMENTO
A censura ao cinema de países socialistas durante a ditadura militar brasileira: filmes soviéticos, poloneses, chineses e cubanos na Divisão de Censura de Diversões Públicas (1964-1985)
O presente projeto desenvolve pesquisa no acervo da Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), armazenado no Arquivo Nacional, em Brasília, tendo como objeto um conjunto de 996 processos censórios produzidos durante a ditadura militar brasileira (1964-1985) e relativos a filmes provenientes de quatro países do bloco socialista: União Soviética, Polônia, China e Cuba. O objetivo é investigar a recepção censória a tais obras, considerando a vigência de um regime fortemente anticomunista no Brasil, mas, ao mesmo tempo, caracterizado sobretudo pelo pragmatismo no campo diplomático, inclusive nas relações com países socialistas. Dessa forma, trata-se de projeto de pesquisa que trafega pelos campos da história da ditadura militar, história do cinema e história das relações internacionais, mobilizando reflexões específicas de cada um deles, mas tendo no centro a proposta de mergulho nessa documentação da DCDP.
A contrarrevolução no Sul Global: a Liga Anticomunista dos Povos Asiáticos e o início da Guerra Fria
Este projeto busca examinar a formação e a expans ão da Liga Anticomunista dos Povos Asiáticos (APACL) no início da Guerra Fria. O estudo dessa organização anticomunista, transnacional e pós-colonial nos permite observar a agência dos atores locais na constituição do sistema internacional do período, incorporando atores e narrativas da direita do Sul Global em geral subestimadas nos estudos de Guerra Fria. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Gabriel da Fonseca Onofre
A construção de memórias sobre a ditadura no Chile: uma análise das séries televisivas Los 80 e Ecos del Desierto
Este projeto se propõe a estudar a série televisiva Los 80: más que una moda e a série Ecos del Desierto que foram exibidas entre os anos de 2008 a 2014 em um canal de televisão aberta no Chile, para analisar a construção das memórias sobre a ditadura no tempo presente. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (1) . Integrantes: Elisa de Campos Borges Financiador(es): FAPERJ - Auxílio financeiro.
A extrema-direita paramilitar durante a ditadura empresarial militar
Este projeto se propõe a fazer uma análise a respeito dos grupos paramilitares de extrema-direita que surgiram no período anterior ao golpe de 1964, e que continuaram durante a ditadura empresarial militar. Em principal os grupos Movimento Anticomunista (MAC) e o Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Desse modo, é objetivado construir um quadro analítico sobre a extrema-direita paramilitar, sua multiplicidade de frentes e organizações, sua rede de relacionamentos entre a estrutura repressiva estatal e de financiamento, e com o complexo IPES-IBAD. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Helena Baliero Dias
Alternativas democráticas no contexto das revoluções russas
Estudar as alternativas democráticas vencidas no contexto das revoluções russas e da construção do socialismo autoritário na URSS. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Daniel Aarão Reis Filho Financiador(es): Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ - Auxílio financeiro.
Atores, redes, Estado e gênese do agronegócio no Brasil
O objetivo do projeto é pesquisar a gênse do agronegócio no Brasil. Embora já se tenha tornado comum falar do agronegócio em nosso país, o que se percebe na mídia, sobretudo a especializada em economia e negócios, que tem seções específicas para o tema, sua existência é relativamente recente. A expressão começa a circular de modo mais claro a partir dos anos 1980, consolidando-se na década de 1990, sobretudo a partir da criação da Associação Brasileira de Agribusiness, mais tarde Agronegócio. A pesquisa será feita tomando por foco privilegiado, embora não exclusivo, as trajetórias dos indivíduos mais diretamente envolvidos com o processo de afirmação do agronegócio no Brasil. Adicionalmente, até para que se possa melhor refletir sobre a gênese do agronegócio no Brasil, o projeto investirá na análise histórica da questão agrária no país, dando continuidade a investigações tradicionalmente desenvolvidas pelo pesquisador. Adicionalmente, o projeto lidará com questões que dizem respeito às interfaces entre os mundos rural e urbano, abordando tópicos como o das migrações campo cidade. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Mário Grynszpan Número de produções C, T & A: 16
Caminhos para o Bem Viver Bajo el Radar Político
O projeto tem por objetivo articular pesquisa, ensino e extensão através de um plano de trabalho orientado para registrar, documentar e refletir sobre a experiência da Coletiva Popular de Mulheres da Zona Oeste/CPMZO do Rio de Janeiro e sua práxis em torno da Teia de Solidariedade da Zona Oeste a luz das provocações da socióloga aymara boliviana Silvia Rivera Cusicanqui e suas considerações a respeito da "política bajo el radar", considerando que tal experiência também se inscreve em um caminho que tem no Bem Viver um horizonte de sentido. Deste modo, converge para experiências análogas, como a estudada pela coordenadora na cidade de El Alto, na Bolívia, na ocasião de sua pesquisa de doutoramento em História. A atual proposta de extensão propicia aos estudantes de graduação um intercâmbio com as mulheres da Zona Oeste de modo a se desenvolver uma ecologia de saberes, vivência de campo, a aplicação de princípios metodológicos da História Oral no registro de fontes primárias e a reflexão crítica e teórica a respeito do Bem Viver e das ditas políticas que ocorrem "bajo el radar" e que tendem a ser invisibilizadas. Situação: Em andamento; Natureza: Extensão. Alunos envolvidos: Graduação: (3) . Integrantes: Mariana Bruce Ganem Baptista, Silvia Baptista e Mariana Teixeira Miranda Financiador(es): Universidade Federal Fluminense - Bolsa.
Cápsulas do tempo: memórias do Comunismo em museus e memoriais da Alemanha e da Polônia
A pesquisa procura compreender as narrativas presentes, em exposições permanentes de museus do comunismo, surgidos na sequência do fim do comunismo e da desagregação da URSS (1991), na Alemanha e na Polônia. Além de museus autodenominados do comunismo, serão objeto de análise as narrativas de exposições permanentes dedicadas ao assunto, em museus históricos já existentes na década de 1990. Considero, assim, este conjunto de exposições como museus do comunismo. Entre os países do Leste, será estudada a Polônia, seguindo o recorte feito no projeto anterior sobre museus e memoriais da Resistência à ocupação alemã e ao nazismo.Dois eixos moldam estas narrativas de memória: a vida cotidiana e a repressão do regime. A ênfase em um eixo ou em outro varia entre as narrativas dos museus do comunismo. Há um terceiro eixo condutor das narrativas não especificado, formalmente, mas evidente: a comparação com o mundo que, ao longo dos anos de polarização da Guerra Fria, esteve no campo capitalista. Os países viveram a experiência comunista e a digeriram -, segundo seus respectivos passados, nas curta, média e longa durações (BRAUDEL, 1976). Considerar tais temporalidades é essencial para a compreensão das distintas memórias dos anos de comunismo. Tais memórias resultam nas narrativas desses museus, assim como elas (as narrativas) participam na construção delas (das memórias). Como toda construção de memória, o ponto de vista sobre o passado está no presente. Assim, lembrar os anos sob o comunismo, nesses espaços da recordação (ASSMANN, A., 2011), pode se ligar à defesa da democracia ou à sua rejeição. No quadro de ascensão das extremas-direitas na Europa (e não somente nesse continente), os museus e memoriais do comunismo cumprem uma ou outra missão (termo usado nos museus), nas disputas políticas do presente, mirando o futuro desejado. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Denise Rollemberg Cruz. Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa de produtividade.
Carlos Lacerda e os desafios da democracia no Brasil (1945-1968)
Carlos Lacerda (1914-1977) foi um dos políticos brasileiros mais importantes de meados do século XX. Consagrado no jornalismo como repórter e colunista do Correio da Manhã e diretor-presidente da Tribuna da Imprensa, eleito vereador, deputado federal e governador pela União Democrática Nacional (UDN), Carlos Lacerda se tornou líder da oposição no Rio de Janeiro entre as décadas de 1950 e 1960, ocupando papel central em diversas crises políticas. Porém, a produção acadêmica deu pouca atenção às suas ideias até o momento, tributária de uma memória política que ora realça o golpismo professado pelo tribuno, ora a sua competência administrativa, sem buscar compreender a complexidade da sua ideologia. O objetivo desta pesquisa será investigar o pensamento político de Carlos Lacerda, considerando as especificidades da forma pela qual o personagem concebia o político e a organização do poder na sociedade brasileira. A hipótese central da pesquisa é a de que o pensamento político lacerdiano foi caracterizado, no contexto de uma trajetória complexa, principalmente, pela defesa do autoritarismo instrumental e do elitismo liberal como vias de instauração da democracia no Brasil, coexistindo com propostas reformistas elaboradas a partir de 1945.
Concessões de terras na conformação da cidade de Florianópolis (SC): perspectivas sobre processos de apropriação fundiária em ambientes urbanos e costeiros
A pesquisa tem como objetivo principal analisar como as concessões de terras devolutas pelo estado de Santa Catarina ao longo do século XX agiram na conformação da cidade de Florianópolis (SC) no contexto das décadas de 1950 a 1990. A partir da década de 1950, começam a se delinear os planos e projetos políticos para a cidade voltados ao desenvolvimento do turismo. No entanto, a implementação desses projetos não acontece de forma homogênea pela cidade. Assim, a pesquisa busca conectar e contrastar essas diferentes experiências pela cidade e analisar a relevância das terras públicas e suas apropriações nesse processo. A principal fonte de pesquisa são processos de concessões de terras que serão cruzados com outros tipos de documentos para a construção de mapas a partir das considerações teóricas e metodológicas da Spatial History e SIG Histórico. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Kassia Rossi
Conexões Repressivas: o caso do monitoramento de João Goulart na Argentina (1973 -1976)
Esta comunicação tem por finalidade analisar o monitoramento político ao ex-presidente João Goulart, durante o seu exílio na Argentina (1973-1976). A pesquisa investigará as estratégias de espionagem e o colaboracionismo entre os regimes ditatoriais do Cone Sul. Além disso, busca-se compreender as práticas de vigilância transnacionais e as dinâmicas políticas em torno de Goulart, figura central na História republicana brasileira, cujo exílio e morte permanecem controversos. Este estudo, elaborado em ocasião da efeméride dos 60 anos do golpe civil-militar - justifica-se pela necessidade de analisar temas sensíveis, reforçando valores democráticos diante do revisionismo histórico e do avanço da extrema direita nos últimos anos. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Giovana Mylena Silva Soares. Financiador(es): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
De volta à Europa: as políticas de integração das memórias dos países pós-comunistas na União Europeia (República Tcheca e Hungria, 1989-2019)”
Este projeto foi contemplado pelo edital Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ e propõe estudar os processos de (re)integração da Europa Central na União Europeia (UE) após a queda dos regimes comunistas. Mais especificamente, concentra-se nas reivindicações de integração de suas memórias em âmbito europeu. Com relação às políticas sobre o passado, desde meados da década de 1960, a Europa Ocidental deu início a um processo a partir do qual substituiu aos poucos o "paradigma nacional da resistência" pelo "paradigma transnacional da Shoah". Este transformava-se em um critério de memória capaz, em tese, de unificar o continente. A partir da década de 1990, não obstante, os chamados países pós-comunistas reivindicam para si um outro paradigma memorialístico. Consideram que, além do nazismo, foram vítimas de um outro totalitarismo, o comunista. Reclamam, portanto, que para além do Holocausto, os crimes do comunismo sejam reconhecidos como parte das políticas de memória da UE. São, portanto, os meandros dos processos de construção e discussões em torno da memória dos países pós-comunistas diante do paradigma memorialístico erigido pela UE, que este projeto propõe analisar. Para tanto, tomarei como estudo de caso específico as experiências da República Tcheca e da Hungria, entre 1989 e 2019. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (2). Integrantes: Janaína Martins Cordeiro Financiador(es): FAPERJ - Auxílio financeiro. Número de produções C, T & A: 3
Do Cativeiro à reforma agrária: revisitando a História Rural do Brasil Republicano
O projeto de pesquisa tem por objetivo desenvolver 3 tinhas de interesse historiográfico em sintonia com a produção recente da História Rural: 1) o pós-abolição no campo que se consolidou como um campo de pesquisa pujante; 2) os impactos da Era Vargas no mundo rural; e 3) a ação política de trabalhadores rurais em meio às margens restritas de luta durante a repressão empreendia pela Ditadura do pós-1964. A pesquisa procura priorizar os debates sobre identidades, memória, direitos e mobilização política, em diálogo com a microhistória e a história oral, que compuseram as bases teóricas e metodológicas do projeto de pós-doutorado em curso. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Marcus Ajuruam de Oliveira Dezemone Número de produções C, T & A: 4
'É o afeto que faz segurar a barra': história, memórias, resistências e sensibilidades na trajetória de Jessie Jane Vieira de Souza durante a ditadura e redemocratização no Brasil
Jessie Jane Vieira de Souza é uma das muitas mulheres brasileiras cujas vidas foram atravessadas pela ditadura civil-militar, iniciada com o golpe de 1964. Jessie foi militante de uma das dezenas de organizações revolucionárias que atuaram no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Vivenciou a clandestinidade, a repressão, a morte de companheiros, a prisão. Foi a militante política que ficou mais tempo presa durante a ditadura. Enfrentou distintas formas de tortura e violência física, psicológica e de gênero. Foi a primeira presa no Rio de Janeiro a receber visitas íntimas. Ainda na prisão, casou, engravidou e deu à luz sua filha única. Em liberdade, participou da luta pela anistia e pelas liberdades democráticas durante o processo de redemocratização no país. Continua ligada às lutas por memória, verdade e justiça no Brasil. O presente projeto tem por objetivo principal analisar a trajetória de Jessie Jane e, através desta, discutir também importantes temas relacionados à ditadura e ao processo de redemocratização no Brasil, como resistências, participação feminina nas esquerdas revolucionárias, repressão e prisão políticas, clandestinidade, violência de gênero, maternidade em situações-limite, infância atingida pela repressão, Justiça de Transição e a construção de memórias acerca do passado autoritário brasileiro. Este projeto foi inicialmente contemplado com a bolsa de Pós-Doutorado Sênior (PDS) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e atualmente foi contemplado com uma bolsa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBIC-UERJ). Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (1) . Integrantes: Izabel Priscila Pimentel da Silva e Ana Clara Passos Sobral
Ecos do silêncio: o trauma na narrativa dos museus em Dresden
Esta pesquisa investiga o papel da memória traumática na construção do chamado “mito da vítima” no contexto da Alemanha reunificada do século XXI. Especificamente, a dinâmica dos bombardeios Aliados realizados em Dresden, capital da Saxônia, no final de 1945, naquilo que ficou entendido pela extrema-direita como o "Holocausto das bombas". Analiso o papel do silenciamento e esquecimento nas exposições de museus e memoriais de Dresden, as quais muitas vezes demonstram receio em desenvolver visões contestadoras ou reflexivas sobre o trauma, na construção ideológica da extrema-direita.
“El Coraje del Pueblo” sob uma perspectiva historiográfica:
O cinema boliviano junto ao povo como forma de pensar um novo mundo
O presente trabalho de mestrado destaca a importância do Cinema militante latinoamericano como fonte histórica, compreendendo-o como ferramenta de luta e resistência a partir do uso da imagem. Para tanto, no breve curso da história da Bolívia do século XX, analiso os aspectos que tangem a produção cinematográfica, a repercussão e a inspiração do filme “El Coraje del Pueblo” (1971), dirigido por Jorge Sanjinés, membro do Grupo Ukamau. O filme foi roteirizado e interpretado por sujeitos como Federico Vallejos, Felicidad Coca, Domitila Chungara, Eusebio Gironda entre outros que vivenciaram o massacre ocorrido em San Juan. Tal perspectiva de reunir no processo de produção do filme os próprios sujeitos históricos sobre os quais se narra a história expressa a tendência do cine militante boliviano batizado como “Cine junto al Pueblo”. Trata-se de um experimento específico boliviano, mas que dialoga com um projeto de cinema militante que teve variações em praticamente toda a América Latina no século XX. Para adentrar nesta temática, realizo uma discussão historiográfica que se baseia em analisar o filme de acordo com a noção de “Documentário ficção”, proposta na Sociologia da Imagem de Silvia Rivera Cusicanqui, bem como concebê-lo a partir de seus três tempos históricos.
Europa nos albores da Guerra Fria: a Grã-Bretanha diante da crise em Berlim e das tensões Iugoslávia-URSS (1948-1949)
Este projeto se propõe a estudar as ações da Grã-Bretanha na Europa durante os anos iniciais da Guerra Fria. Mais especificamente, concentra-se nas atitudes tomadas pelo governo trabalhista britânico, liderado por Clement Attlee, diante de duas crises simultâneas transcorridas em 1948 e 1949: o bloqueio de Berlim imposto pela União Soviética e a cisão entre o líder soviético Josep Stalin e sua contraparte na Iugoslávia, Josip Tito. Sabe-se que Berlim e toda a Alemanha — dividida entre a URSS e as potências ocidentais após a Segunda Guerra Mundial — eram um ponto nodal de tensões acumuladas, por ser o território onde se encontravam as forças que progressivamente se organizavam em blocos antagônicos: o autointitulado mundo livre capitalista e a esfera das chamadas democracias populares socialistas. Ao mesmo tempo, os desentendimentos entre soviéticos e iugoslavos — por conta de projetos colidentes de relações exteriores e de construção do socialismo — explicitavam contradições no interior do campo comunista europeu. Diante da crescente complexidade política da Europa, a Grã-Bretanha, tentava, por intermédio de diferentes projetos de poder, manter sua hegemonia internacional em um mundo onde as antigas potências coloniais viam seu espaço progressivamente reduzido. Tendo esse quadro em mente, pretendemos estudar, a partir principalmente da análise dos debates parlamentares britânicos, como os líderes do Reino Unido procuraram se posicionar, contornar ou tirar proveito das crises europeias com intenção de preservar o prestígio e a importância da Grã-Bretanha nos momentos iniciais da Guerra Fria. Espera-se que a pesquisa, uma vez completada, permita compreender alguns aspectos das transformações pelas quais a Europa passava na década de 1940. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Felipe Alexandre Silva de Souza Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Guerras civis na Rússia: as bases do socialismo autoritário na Rússia/URSS
O projeto propõe a reconsideração da importância das guerras civis na Rússia (1918/1921) no estabelecimento das bases autoritárias do socialismo soviético. A pesquisa engloba cinco revoluções entre 1905 e 1921 (a de 1905, as de fevereiro e outubro de 1917, as guerras civis consideradas uma nova revolução - 1918/1921 - e a revolução de Kronstadt (1921) como última hipótese - perdida - de um socialismo democrático. Apoiada em pesquisas realizadas no Hoover Institution (Univ. de Stanford) e no INALCO (Paris), com apoio da Faperj, através do programa Cientista do Nosso Estado (2019-2022), do CNPq através da concessão de uma Bolsa de Produtividade 1A (2022-2027) e de uma Bolsa de Pós-Doutorado Sênior no Exterior (EHESS, 2021-2022) e do Hoover Institution (Stanford University), a partir de um estágio como Visiting Scholar (julho-setembro/2022). Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Daniel Aarão Reis Filho Financiador(es): Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ - Auxílio financeiro / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa.
Gueto. Museus e memoriais da Resistência à ocupação nazista na Polônia na Segunda Guerra Mundial
A pesquisa pretende compreender a construção de memória acerca da Resistência na Polônia ocupada pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial nas narrativas de museus e memoriais dedicados ao assunto. São objeto de análise o Museu do Levante de Varsóvia, na capital polonesa, e o Museu do Exército da Pátria, em Cracóvia, entre outros (ver projeto). Quanto aos memoriais, serão estudados o Memorial do Levante de 1944 (Varsóvia) e os memoriais da Revolta do Gueto de Varsóvia (1943), tanto o mais conhecido, como os demais localizados em outros pontos da cidade (casamata das lideranças da Revolta; lugar da estação da qual os judeus eram deportados; única ruína do muro do Gueto; demarcação no chão onde outrora existiu o muro etc.). Incluindo a Revolta do Gueto como Resistência, busca-se contribuir com o debate historiográfico acerca da pertinência ou não de conceituá-la como tal. Também tomarei como objeto da pesquisa a própria Cidade Velha, a parte histórica da capital polonesa, considerando-o um "museu a céu aberto". Destruída no massacre ao Levante de 1944, a Cidade Velha foi reconstruída na década de 1950, segundo a arquitetura e a urbanização existentes antes da guerra, tornando-se Patrimônio Mundial Histórico e Cultural da UNESCO, em 1966. A análise das narrativas dos museus e memoriais verificará em que medida as desconstruções de versões mitificadoras da Resistência polonesa estão ou não neles integradas. Refiro-me à abordagem de temas-tabu, como o da colaboração, presentes em certa historiografia nas últimas décadas. Conceitualmente, a pesquisa se insere nas discussões sobre a profusão de museus e memoriais relativos às tragédias da Segunda Guerra através do conceito de "lugares de memória" (NORA, 1984, 1992, 1993) e "espaços da recordação" (ASSMANN, 2011). Considerando a centralidade da questão do Estado-nação na Polônia (antes e depois da guerra), bem como as particularidades do país no conflito (dupla e brutal invasão e ocupação; massacre de civis; genocídio judaico; criação de guetos; multiplicação de campos de concentração e extermínio etc.), investiga-se até que ponto o conceito de Pierre Nora se atualiza no entendimento dos museus e memoriais no país como meio de afirmação do caráter nacional. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Denise Rollemberg Cruz Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa / Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ - Bolsa.
História e profissionalização do espaço da historiografia no Brasil
O projeto, iniciado em fins de 2013, visa a estudar o processo de profissionalização do espaço da historiografia no Brasil a partir da primeira metade do século XX, com a criação de cursos universitários de História. Serão feitos estudos prosopográficos, tomando por base dados de arquivos, entrevistas e fontes secundárias. A pesquisa envolverá também investimentos em temas não necessariamente ligados ao recorte espacial Brasil, mas de interesse para o campo da historiografia de maneira geral. Um discussão teórica associada à pesquisa, que já é também objeto de tratamento tradicional do pesquisador, é a das elites, seus processos de circulação e reprodução, seus recursos de diferenciação e poder. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Mario Grynszpan Número de produções C, T & A: 2
Historiografia dos autoritarismos na Europa
O laboratório aborda as experiências autoritárias na Europa do século XX (Salazarismo, Franquismo, Fascismo, Nazismo, Stalinismo). Por intermédio de discussões a respeito das elaborações teóricas e das produções historiográficas a respeito desses fenômenos, destaca-se a sua complexidade e seu caráter de construção histórica multifacetada nos âmbitos político, social, cultural e emocional. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Helen Rocha Rotta e Felipe Alexandre Silva de Souza
Identidade europeia e identidades nacionais: memória, monumentos e passado recente na Europa Central - República Tcheca e Hungria (1989-2020)
Este projeto propõe estudar os processos de construção da memória sobre os passados autoritários da Europa Central no século XX. Após as revoluções de 1989 que colocaram fim às ditaduras comunistas instituídas ainda em fins dos anos 1940, os países da região tiveram que lidar, em meio aos processos de transição democrática, com as questões relativas ao passado recente. Neste sentido, emergiram debates relativos às ditaduras comunistas, mas também sobre a ocupação nazista durante a 2ª Guerra Mundial. O projeto busca, portanto, refletir sobre as formas a partir das quais o passado recente é elaborado e representado nos discursos oficiais e espaços públicos a partir dos processos de redemocratização. Pretende também refletir sobre a apropriação do passado pelos regimes de direita radical que emergiram em determinados países a partir do início do século XXI. Para tanto, tomo como fonte e objeto a construção de monumentos e outros tipos de intervenção na paisagem urbana realizados no pós-1989 em dois países específicos: a República Tcheca e a Hungria. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (4) / Doutorado: (1) . Integrantes: Janaína Martins Cordeiro Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa.
Ir ou não à Coreia? Uma análise a partir do caso Elisa Branco
O objetivo da pesquisa é analisar a influência das manifestações populares e da cisão nas forças armadas para a decisão do governo brasileiro de não enviar tropas para a Guerra da Coreia (1950-1953). Para tal, foi escolhido como ponto de partida o caso da militante comunista Elisa Branco, presa no dia 07 de setembro de 1950 em um protesto, na capital paulista, contra o envio de soldados brasileiros para a Ásia. A pesquisa se debruça em fontes primárias retiradas de periódicos da época para compreender como era vista essa possibilidade no imaginário popular, seja ele no meio civil ou militar. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Bruna Barreto Saba
Lampião da Esquina: sexualidade e identidade na ditadura militar brasileira
O projeto visa demonstrar como um jornal homossexual, parte da imprensa alternativa brasileira e marco fundador de um movimento LGBTQIAPN+ no Brasil, contribuiu para discussões de movimentos sociais que emergiam e reemergiam no contexto da abertura política ocorrido nos anos finais da ditadura militar. Nesse sentido, o projeto foca na relação do jornal com movimentos de mulheres, negros, ambientais, homossexuais que buscavam emancipação política e fim do regime militar num contexto em que a esquerda se concentrava na luta de classes.
Movimentos indígenas, decolonialidade e o Bem Viver na América Latina
O projeto busca analisar as contribuições dos movimentos e/ou intelectuais indígenas na América Latina com ênfase na experiência boliviana, em particular nos intelectuais e movimentos indianistas dos anos 1970 e 1980. Discursos como o de Fausto Reinaga (1906-1994, Bolívia) questionam as estruturas coloniais que se perpetuam mesmo após a independência e o racismo que anula as existências e as subjetividades indígenas. Um dos desdobramentos de suas provocações foi a eleição do primeiro presidente indígena da América do Sul e, por conseguinte, a assinatura de um novo Pacto Social que redefiniu o Estado para Plurinacional e Comunitário, além de assumir o Bem Viver como um horizonte de sentido. Tais mudanças dialogam com saberes ancestrais das Américas que re-existiram ao longo dos mais de 500 anos de colonialismo eeurocentrado. A decolonialidade se apresenta como um campo teórico que se distancia de um caráter pretensamente objetivo e universal reivindicado pela história ocidental e confere ênfase ao lugar e aos corpos de onde partem as ideias, sobretudo aqueles racializados por esta mesma ordem. Deste modo, estreita-se o diálogo com uma produção bibliográfica e documental latino-americana que, sem perder de vista um contexto mais amplo da produção do conhecimento, marca uma posição no sentido de depurar o legado de matriz eeuurocentrica ao passo em que traz maior visibilidade para os saberes produzidos no seio das lutas e reflexões desenvolvidas nessa alteridade epistêmica, contribuindo, assim, para a de(s)colonização do pensamento e da historiografia. Deste modo, a proposta é realizar um estudo dirigido em torno de três eixos fundamentais: a) análise de textos selecionados de Fausto Reinaga ; b) reflexão sobre sua obra e trajetória nos marcos da História Intelectual que articula a produção textual ao contexto no qual esta se insere, questionando a forte tendência ao anacronismo presente nas tradicionais histórias das teorias políticas e sociais; c) evidenciar os desdobramentos desse estudo no âmbito de uma proposta de de(s)colonização do pensamento e da historiografia. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (12). Integrantes: Mariana Bruce Ganem Baptista
Mulheres, armas e revolução: histórias conectadas da atuação feminina em organizações de esquerda (Brasil e Espanha, 1960)
Em dois países diferentes do globo, nas décadas de 1960 e 1970, dois grupos se formaram e atuaram para lutar contra as ditaduras de seus países e em prol do que acreditavam ser a libertação de seus povos: a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), no Brasil, e o Euzkadi Ta Askatasuna (ETA), no País Basco, na Espanha. Embora em hemisférios distintos, as duas organizações se inspiravam nas mesmas experiências revolucionárias: Cuba, Vietnam e China eram as principais referências e a tática adotada foi a da guerrilha. Tanto na VPR quanto no ETA, a violência era vista como aspecto balizador para as ações planejadas. Os homens e as mulheres que aderiram aos grupos, ao mesmo tempo que tinham suas próprias pautas, baseadas em seus próprios contextos socioculturais e nacionais, estavam inseridos na lógica da época de 1968, que movia esquerdas ao redor do mundo em prol de um marxismo anti-imperialista e anticolonial e crítico à União Soviética cada organização tinha sua própria definição de quais seriam os agentes dominantes: no caso do ETA, o Estado espanhol, que não reconhecia a autonomia étnica e política do País Basco; para a VPR, por sua vez, os Estados Unidos, que exerciam sua dominação através do próprio regime ditatorial implementado a partir do golpe de 1964. Os dois grupos possuíam, entre seus militantes, mulheres e, portanto, o objetivo deste projeto é investigar sua atuação, sua motivação para ingresso nas fileiras dos movimentos, as atividades que exerciam, os cargos que ocupavam dentro da lógica organizacional etc. A análise do engajamento feminino em organizações que tinham como linha principal o emprego da violência auxilia na problematização de estereótipos pacifistas associados às mulheres, uma vez que, biologicamente, são dotadas do direito de gerar vidas. Para isso, o uso de gênero como categoria de análise será muito útil, dado que permite examinar criticamente os papéis sociais atribuídos historicamente a homens e mulheres e, portanto, historicizá-los. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Juliana Marques do Nascimento Financiador(es): Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ - Bolsa.
O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) na formulação do Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) 1964-1967
A presente pesquisa investiga a atuação do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) na formulação e implementação do Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), principal plano econômico do primeiro governo da ditadura militar brasileira (1964-1967). O estudo parte da hipótese de que o IPES, enquanto instrumento de articulação de uma fração da classe dominante, teve um papel central na definição das diretrizes econômicas do período, influenciando a construção de um modelo de desenvolvimento alinhado aos interesses do grande capital nacional e estrangeiro. O referencial teórico-metodológico adotado fundamenta-se no materialismo histórico-dialético, considerando que as transformações econômicas e políticas não podem ser analisadas separadamente das estruturas de classe e das disputas pelo poder. A pesquisa se apoia nas contribuições de René Armand Dreifuss, cujos estudos demonstram como setores empresariais e intelectuais conservadores atuaram ativamente na construção do regime ditatorial. Para isso, será realizada uma análise documental baseada em fontes primárias, incluindo documentos internos do IPES, relatórios e registros do Arquivo Nacional, materiais jornalísticos organizados pelo próprio instituto e documentos oficiais do PAEG, publicados pelo Ministério do Planejamento. O estudo pretende contribuir para o debate sobre a relação entre política e economia no período da ditadura militar, investigando o papel desempenhado pelo IPES na consolidação de um modelo econômico voltado à defesa dos interesses do grande capital. Ao analisar a articulação entre setores civis e militares na condução da política econômica do regime, busca-se aprofundar a compreensão sobre a forma como as frações da classe dominante influenciaram as decisões estatais e moldaram a estrutura econômica do período. Dessa maneira, a pesquisa também visa ampliar a reflexão sobre os impactos dessas diretrizes na sociedade brasileira, considerando como o PAEG serviu para consolidar um projeto de modernização econômica que aprofundou desigualdades e restringiu direitos trabalhistas. Além disso, pretende-se examinar os desdobramentos dessa política no contexto da repressão e do controle social exercido pela ditadura. A estrutura econômica imposta pelo regime não se limitou a transformações institucionais e macroeconômicas, mas também teve impactos diretos sobre a classe trabalhadora, que enfrentou arrocho salarial, perda de direitos e um ambiente de crescente perseguição política. Dessa forma, a pesquisa busca evidenciar como a política econômica da ditadura não operou isoladamente, mas esteve atrelada a um projeto político mais amplo, sustentado por mecanismos de repressão e pelo estreitamento das relações entre o Estado e as elites econômicas.
O Ministério das Relações Exteriores e a defesa da imagem internacional da ditadura militar brasileira (1964-1985)
O projeto visa examinar as estratégias utilizadas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) para defender a imagem internacional da ditadura militar, não apenas buscando evitar a divulgação de aspectos negativos sobre o Brasil, mas também atuando para estimular a publicação de notícias laudatórias sobre o governo brasileiro. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Mestrado acadêmico: (1) . Integrantes: Paulo César Gomes Bezerra e Mathews Mathias Financiador(es): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Bolsa. Número de produções C, T & A: 18
O Poder dos Sem-Poderes e as cartas de Václav Havel: entre a dissidência e os resgates de uma memória crítica ao comunismo
Este projeto visa compreender a formação e a memória crítica ao comunismo na República Tcheca, a partir das articulações políticas dos dissidentes, no final da década de 1970. Ao tensionar as ideias de Václav Havel com a troca de correspondências entre ele e Oswaldo Payá, busca-se perceber as implicações da experiência histórica tcheca para a memória do passado traumático. Além disso, percebe-se que, entre os pontos supracitados, existem apropriações e silenciamentos em torno das ideias de Havel, por exemplo, suas críticas à sociedade de consumo e as democracias. Nesse sentido, visa-se compreender a dimensão das concepções de Havel e seus impactos políticos e sociais, tendo em vista sua crença no renascimento da sociedade civil.
O surgimento da Tchecoslováquia e o impacto da imprensa estadunidense no processo formativo das novas nações da Europa Central (1916-1928)
O projeto possui como tema os debates em torno da formação e consolidação daTchecoslováquia como Estado Nacional independente. Para tanto, irei me concentrar nos debates que tiveram lugar nos Estados Unidos sobre este tema, em um contexto em que os Estados Unidos se projetavam no cenário internacional, de tal maneira que sua entrada na Primeira Guerra Mundial ditaria os rumos dos estados europeus beligerantes. Além disso, os intelectuais que tomaram a frente do projeto nacional tchecoslovaco tinham interesse em dialogar com as propostas wilsonianas, tendo em vista a importância e o papel atribuídos ao presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson como emancipador dos povos oprimidos do Império Austro-húngaro. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Mestrado acadêmico: (1) . Integrantes: Laura Barbosa Menacho Ferreira e Janaina Martins Cordeiro
Os usos políticos da memória da foibe na Italia e na Europa
A pesquisa busca discutir os meandros do processo de construção da memória da foibe na Itália, bem como as suas repercussões nas instituições da União Europeia desde a década de 1990, que este projeto propõe analisar. O principal objetivo é compreender os usos políticos que grupos e partidos da direita radical italiana fazem da foibe no âmbito nacional e, depois, as iniciativas que visam o reconhecimento dos massacres no Parlamento Europeu e em outras instituições europeias.
Persistências do passado: um estudo sobre memórias e sensibilidades através da produção de Edith Birkin (1941-2018)
Projeto de pesquisa de estágio pós doutoral desenvolvido na Universidade Federal Fluminense, com fomento da FAPERJ.A pesquisa, dde caráter documental, pretende analisar as obras pintadas por Edith Birkin, que sobreviveu a sua passagem nos campos de concentração e guetos. Aos 14 anos, Birkin foi levada a Lodz na Polônia e foi conduzida a Auschwitz e, posteriormente, foi libertada de Bergen-Belsen em 1945. Quando retornou a Praga, Birkin descobriu que ninguém da sua família havia sobrevivido à passagem nos campos. Assim, em 1946 Birkin decide se mudar para Londres, onde recomeça a sua vida. Professora de educação infantil e graduada em História da Arte, a polonesa passa a externar, de diferentes formas, os ecos de suas memórias sobre a Shoá, conduzindo ao espaço público suas emoções e sensibilidades acerca dessas experiências.Assim, o presente trabalho de investigação se concentra na análise das obras produzidas após a sua experiência, compreendendo de que maneira elas operam tanto na construção da memória de Edith Birkin, como também na estruturação de uma memória histórica acerca dos eventos ocorridos no holocausto, bem como a sua elaboração social memorialística. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Helen Rocha Rotta
Poder local e construção do socialismo: experiências de esquerda em administrações municipais no Brasil final do século XX
Analisar o processo de construção do Modo Petista de Governar e algumas experiências de administração municipal petistas, tendo como foco a sua correlação com a estratégia de construção do socialismo construídas pelo Partido dos Trabalhadores nas décadas de oitenta e noventa; Investigar se essas experiências de poder local no Brasil, no período de 1982 a 2002, contribuíram para o fortalecimento de uma cultura de esquerda e socialista nas regiões estudadas; Examinar a contribuição dessas experiências municipais de esquerda para a consolidação da democracia brasileira, recém saída de uma transição conservadora para o fim da ditadura. Avaliar os efeitos da temática da justiça de transição e suas ações de memória, justiça e reparação sobre a construção de uma nova hegemonia a partir do poder local; Compreender o impacto da crise do mundo socialista e do avanço do neoliberalismo sobre as experiências de administração municipal de esquerda no final do século XX.
Política e cultura na América Latina - sécs. XX e XXI
Esta linha de pesquisa tem por finalidade discutir às diversas vertentes teóricas que abordam as transformações políticas e culturais vivenciadas na América Latina no século XX e XXI. Buscamos compreender e problematizar a multiplicidade de projetos que se apresentam no continente a partir de perspectivas teóricas críticas que discutam temas como modernidade, capitalismo, socialismos, ideologia, gênero, manifestações culturais, dentre outros. A partir desta linha de pesquisa estruturamos um grupo de estudo que agrega estudantes da graduação e da pós-graduação e propicia, por meio de projetos, leituras e discussões, reflexões sobre a América Latina no tempo presente. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (12) / Mestrado acadêmico: (4) . Integrantes: Elisa de Campos Borges
Políticas da escrita - Hélio Oiticica e o Rio de Janeiro
Propõe-se produzir uma pesquisa tenha como objeto, os escritos do artista plástico Hélio Oiticica entre os anos de 1963 e 1970 e que discuta as imbricadas relações entre a produção de tal material crítico, a experiência urbanística da cidade e a ditadura militar.Tal proposta se interessa pela problematização dos discursos históricos já instituídos, a partir de uma abordagem que tenha como elemento principal as intermitências entre o local e o global, de modo a fraturar abordagens hegemônicas e promover uma reavaliação do período, considerando inclusive a particularidade geográfica, econômica e social do Estado do Rio de Janeiro. Tal pesquisa se justifica pela urgência do tema, bem como pela necessidade de um revisionismo histórico da obra do artista, além do desejo de construção teórico-prática de outras abordagens para a narrativa das fronteiras epistemológicas do tecido urbano. Este projeto visa objetivamente, além da realização da própria pesquisa através da produção de um conjunto de artigos científicos, a execução de um seminário sobreHélio Oiticica em 2022, a publicação de um livro com diversos especialistas, um segundo livro com a própria pesquisa e a realização de um documentário. Inclui também um conjunto de oficinas sobre os escritos de artista em escolas públicas e atualmente conta com a ciência e apoio (sem verba) do Centro de Artes Hélio Oiticica e do Projeto Hélio Oiticica. Tal pesquisa também integra parte de um pós-doutorado em andamento, sem bolsa, no Programa de Pós-Graduação em História da UFF sob supervisão de Daniel Aarão Reis. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (4) . Integrantes: Alexandre Sá Barretto da Paixão
Projetos políticos, atores sociais e cultura nos anos 60 a 90 no Chile
O presente projeto busca analisar a trajetória das esquerdas e das direitas a partir dos anos 60, 70 e 80, problematizando os projetos políticos, econômicos e culturais impulsionados por três grupos políticos distintos: o centro, com a eleição da Democracia Cristã na década de 60; a esquerda com a vitória eleitoral da Unidade Popular em 1970, e a direita que chega ao poder por meio de um golpe militar, em 1973. A Democracia Cristã venceu as eleições nos anos 60 adotando um programa denominado "Revolução em Liberdade". Este era apresentado como uma alternativa ao capitalismo liberal e ao socialismo. A Unidade Popular nos anos 70 assume o poder com o desafio de abrir caminho à transição socialista. Para tal, propõe uma série de reformas estruturais, como a nacionalização das riquezas minerais do país, a estatização de parte do setor produtivo e a adoção de uma nova cultura baseada em valores como, como por exemplo, a solidariedade. Em 1973, os militares chegam ao poder a partir de um golpe pactuado entre Forças Armadas, direita política e tecnocracia. Apresentavam o neoliberalismo como projeto primordial para "reorganização" da sociedade chilena. Para tal contavam com a repressão política para aprovarem as reformas estruturais no sistema político e econômico. O objetivo desta pesquisa é, a partir do estudo destes projetos estruturais, analisar a reorganização do estado e seu impacto no cotidiano dos trabalhadores chilenos. Também analisaremos a adoção de políticas culturais como forma de difusão de novos valores impulsionados por estes três projetos para a classe trabalhadora. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Elisa de Campos Borges
REDE PROPRIETAS: propriedade, inovação e bem comum
O presente projeto consiste em uma proposta de estudo acerca da propriedade - enquanto instituição social - em algumas de suas distintas dimensões, com ênfase para seus efeitos sobre a produção e o acesso a bens tecnológicos e culturais (propriedade intelectual e direito autoral. Elegendo-se a perspectiva histórica como um viés válido e profícuo de análise, preten)de-se refletir sobre a construção e funcionamento de determinadas estruturas de regulação da propriedade (agrária, urbana, creditícia e intelectual), tendo em vista a construção de parâmetros de comparação sobre a apropriação de bens tangíveis e intangíveis. Esse estudo comparativo será desenvolvido tanto do ponto de vista sincrônico - cotejando-se experiências nacionais distintas em momentos históricos específicos - quanto diacrônico - atentando-se para as continuidades, transformações e rupturas ocorridas ao longo do tempo nos arcabouços jurídico-institucionais observados. Levando-se em conta o destaque que a propriedade intelectual aufere no atual contexto, em que se consolida globalmente a chamada "era do conhecimento", objetiva-se fomentar os debates e contribuir para o aprofundamento das reflexões sobre a matéria no país, submetida a uma crescente valorização, porém ainda carente de interlocutores. Para isto, vislumbra-se, para além do exercício de um amplo esforço de pesquisa, a elaboração de um trabalho de divulgação e disseminação junto ao grande público, dos múltiplos temas e objetos que envolvem o campo da propriedade, priorizando-se o alcance aos jovens pesquisadores e estudantes. Como desdobramento deste projeto está sendo criada a REDE Proprietas, que abrigará os laboratórios e pesquisadores envolvidos em pesquisa sobre a dimensão histórica da propriedade, em suas múltipla dimensões. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Marcus Ajuruam de Oliveira Dezemone, Marina Monteiro Machado e Marcia Maria Menendes Motta
Reemergência das propostas autoritárias no quadro da revolução digital/século XXI
Trata-se de estudar a ascensão das propostas autoritárias no quadro da atual revolução digital que têm adquirido relevância nas primeiras décadas do século XXI. Analisar - na longa tradição - as tradições em que se baseiam tais propostas. Na média duração, os fatores que têm contribuído para fortalecê-las. E na curta tradução, no contexto da luta política imediata, as opções e as circunstâncias que as têm favorecido em diversas sociedades. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Daniel Aarão Reis Filho
Sob o flagelo da imoralidade: projetos de nação, controle social e diálogos transnacionais nos discursos das ligas de restauração moral francesas (1883-1914)
Projeto de Pós-doutorado desenvolvido junto ao Departamento de Pós-graduação em História da UFF e ao Núcleo de Estudos Contemporâneos (NEC). O projeto propõe investigar as estratégias e discursos morais elaborados por duas entidades civis surgidas na França, no final do século XIX, com o propósito de combater a pornografia e a prostituição: a "Ligue pour le relèvement de la moralité publique" e a "Société de protestation contre la licence des rues". A proposta consiste, de maneira específica, em investigar a que projetos de nação tais discursos atendiam e de que forma eles colaboraram para justificar mecanismos de controle social em um período que, na França, foi marcado por uma série de conflitos internos, pelos efeitos da industrialização, da experiência colonial e da emergência de novos atores sociais e figuras de alteridade. O projeto privilegia a experiência francesa, mas propõe analisa-la a partir de uma perspectiva transnacional, uma vez que a articulação entre militâncias morais de diversos países foi intensa, deliberada e culminou, na primeira década do século XX, em duas Conferências Diplomáticas. Cronologicamente, a proposta se situa entre 1883, quando foi fundada a primeira dessas entidades, e 1914, quando eclosão da I Guerra esmoreceu momentaneamente a militância moral europeia. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Integrantes: Erika Natasha Cardoso
Um sacerdote em dois tempos: a trajetória de Luigi Cecchin (1924-2010)
A pesquisa apresenta como temática a trajetória de Luigi Cecchin, sacerdote italiano nascido em San Martino di Lupari em 1924. Ao construir esta biografia analiso o sujeito e o contexto no qual ele está imerso. Luigi foi criança durante a ascensão do fascismo italiano, um jovem fortemente vinculado à Igreja Católica quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu. Seminarista em Treviso durante o conflito global. Tornou-se padre no período em que a Itália e toda a Europa estavam em reconstrução. Presenciou os embates entre a Democracia Cristã e o Partido Comunista Italiano. Leu, ouviu e conheceu o Concílio Vaticano II com entusiasmo. Escolheu, após conflitos internos no Seminário, ser missionário sob a encíclica Fidei Donum, promulgada pelo Papa Pio XII. Chegou no Brasil no ano de 1969, encontrando um país sob o Ato Institucional n5, onde a vigilância, a violência e as perseguições estavam numa crescente. Durante cerca de quarenta anos de atuação do sacerdote Italiano no Brasil foram desenvolvidos projetos sociais, voltado para a teologia da libertação e ligados diretamente à Doutrina Social da Igreja. Em razão destes projetos o padre, assim como companheiros de missão, foram vigiado, perseguidos e presos por órgãos de repressão da Ditadura Militar. A pesquisa acompanha esta trajetória que culmina com um debate intenso sobre a memória do sacerdote, que se encontra em processo de beatificação junto à Santa Sé.
Violência, cultura e poder na Europa: do Ancièn Regime ao século XX
Acadêmicos entre pesquisadores vinculados ao Instituto de História da UFRJ e ao Instituto de História da UFF. Trata-se, portanto, de uma iniciativa interinstitucional dedicada à reflexão sobre temas relativos aos processos de violência política que marcaram a Europa nos últimos séculos. A equipe é constituída por pesquisadores com expressiva experiência em estudos sobre o Antigo Regime europeu e sobre regimes autoritários e ditaduras no século XX, bem como sobre os processos de conformação do consenso, sociabilidades, fricções e resistências sob tais regimes, além da conformação de uma certa identidade europeia na confluência de memórias sobre a violência. Os pesquisadores que compõem o grupo vêm, pelo menos desde 2017, realizando importantes trabalhos em parcerias acadêmicas, as quais se fortaleceram com a perspectiva da criação de um grupo interinstitucional a partir de 2020. Nesse sentido, a hipótese de que a violência e o poder na Europa da Primeira e Segunda Modernidades estão diretamente ligados à produção cultural não apenas no sentido de representações e manifestações artísticas, mas também na conformação de uma cultura subjacente, ligada à política e à memória, poderá ser colocada à prova e comprovada nas pesquisas individuais de cada membro, conforme descrito no projeto. Para tanto, os arcabouços teórico-metodológicos da História Cultural, da História Social e da História Intelectual servirão de balizas para a condução do trabalho. Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (4) / Mestrado acadêmico: (4) / Doutorado: (4) . Integrantes: Denise Rollemberg Cruz, Daniel Aarão Reis Filho, Janaína Martins Cordeiro, Silvia Liebel e Vinicius Liebel Financiador(es): CNPQ - Auxílio financeiro.